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O que são criptomoedas e como funcionam?

Digitais, privadas e inovadoras, as criptomoedas estão a revolucionar a definição de dinheiro. Mas o que são exatamente, e como funcionam?
20 Maio 2022, 09h00

O fenómeno das criptomoedas não para de ganhar adeptos em Portugal e no mundo. Os números falam por si: são já mais de 18.000 moedas digitais, das quais a Bitcoin é a mais conhecida, negociadas em cerca de 500 “bolsas” digitais por 100 milhões de utilizadores da Ucrânia à Nova Zelândia.

Mas afinal, o que são as criptomoedas? Como funcionam? Quais as vantagens e os riscos? Descubra, neste artigo do ComparaJá.pt, tudo o que precisa de saber neste guia.

O que são criptomoedas?

As criptomoedas são uma forma de dinheiro digital, ativos sem “valor intrínseco”, mas que pode utilizar para fazer compras e investir. A principal diferença das criptomoedas face às moedas tradicionais, como o Euro ou o Dólar, é que não são emitidas por nenhum governo nem verificadas por um banco.

Em vez disso, as criptomoedas são transferidas diretamente entre utilizadores, num sistema peer-to-peer, sem intermediários ou supervisão. Assim, é possível transferir fundos de A para B em qualquer parte do mundo sem precisar de confiar numa entidade terceira para executar essa tarefa.

A criptomoeda mais antiga e, a mais conhecida, é a Bitcoin. Foi criada em 2009, por Satoshi Nakamoto, que se acredita ser um pseudónimo para uma pessoa ou organização. A realidade é que, até hoje, não se sabe exatamente que está por trás desta invenção, o que aumenta a aura de mistério, mas também a incerteza em relação a esta criptomoeda.

Quando foi lançada, a Bitcoin pretendia ser um meio para transações diárias, permitindo comprar tudo, desde uma chávena de café a um computador. Apesar de esse futuro (ainda) não se ter materializado, as criptomoedas têm utilidade prática e são muitas as marcas que aceitam pagamentos desta forma.

Da Microsoft à Rolex, aceitar criptomoedas é cada vez mais comum e até já pode comprar casa em Portugal. Existem ainda cartões de débito com Bitcoin, que pode utilizar em qualquer estabelecimento.

Nos mais de 10 anos desde o lançamento da Bitcoin, surgiram muitas outras criptomoedas e algumas atingiram valorizações estratosféricas. É o caso, por exemplo, da Ethereum, Litecoin ou Ripple, para listar algumas das mais conhecidas. Ao todo, estima-se que existam mais de 18 mil criptomoedas em existência.

Como é que as criptomoedas funcionam?

Parte do segredo das criptomoedas está no nome. O termo “cripto” deriva da utilização de encriptação para verificar todas as transações e proteger as carteiras digitais.

Este processo é particularmente importante porque as transações com criptomoedas existem apenas como entradas digitais numa base de dados online. Quando transfere fundos, é feito um registo num livro-razão digital, o chamado blockchain.

E o que é o blockchain?

Nada mais do que uma lista que contém todos os registos de movimentos com a importante diferença de que esta forma de armazenar dados é descentralizada. Quer isto dizer que todos os utilizadores de uma dada criptomoeda armazenam uma parte da informação, mas cada pessoa só tem acesso completo aos seus dados.

É o oposto do que acontece num banco, por exemplo, em que a informação está centralizada nos servidores da própria instituição.

E como são geradas as criptomoedas?

Ao contrário das moedas tradicionais, que são emitidas por um Banco Central, as unidades de criptomoeda são criadas através de “mineração”.

Este processo envolve resolver problemas matemáticos complicados, para o qual precisa de um elevado poder de computação e tempo. Se não tiver capacidade para o fazer, também pode comprar criptomoedas a corretores, as chamadas “bolsas” de criptomoedas.

Se o fizer, o que está a adquirir na realidade é um código, que permite alterar o registo no blockchain e fazer o equivalente a uma transferência.

Este processo único de funcionamento levanta várias vantagens e desvantagens, que vale a pena conhecer.

Quais são os pros e contras das criptomoedas?

As criptomoedas são um fenómeno recente e que divide opiniões. Para algumas pessoas, são o futuro da banca. Para outras, são um risco. Mas há algumas vantagens e desvantagens que reúnem consenso.

  • Vantagens das criptomoedas

Afinal, o que leva milhões de pessoas em todo o mundo a comprar criptomoedas? Uma boa parte da resposta está na falta de confiança no sistema bancário tradicional, mas há outros motivos.

Maior proteção contra a inflação: se a inflação subir, as criptomoedas mantêm o seu valor pois não estão indexadas a nenhuma outra moeda ou ativo, como o ouro. Assim, as mudanças nas políticas monetárias impostas pelos bancos centrais não reduzem o valor do seu portfolio.

Proteção contra regimes opressivos e sistemas bancários instáveis: não foi por acaso que a Bitcoin surgiu em 2009, logo após a crise financeira mundial que destruiu economias e poupanças. As criptomoedas oferecem uma alternativa ao sistema financeiro tradicional, que pode proteger os utilizadores contra regimes opressivos, corrupção e fraude bancária. A Ucrânia, por exemplo, já anunciou a intenção de ser a capital mundial das criptomoedas.

Registos indestrutíveis: a tecnologia blockchain, que serve de base às criptomoedas, está dispersa entre milhares de utilizadores, o que significa que a informação é impossível de destruir ou perder, no caso de um ataque cibernético, por exemplo.

Estas são as principais vantagens das criptomoedas. Mas, como qualquer novidade, existem também desvantagens a considerar.

  • Desvantagens das criptomoedas

Maior risco, flutuações agressivas e incerteza quanto à regulação no setor. Estas são as principais desvantagens das criptomoedas:

Menos transparência: mesmo com a Bitcoin, a mais conhecida das criptomoedas, muito continua envolto em mistério. Com as restantes criptomoedas, as chamadas “alt crypto”, o risco e a opacidade são ainda mais elevados e o risco de fraude é real.

Oscilações inesperadas: ao contrário do dinheiro controlado pelo governo, o valor das moedas virtuais é inteiramente impulsionado pela oferta e pela procura. Isto pode criar oscilações importantes que produzem tanto ganhos significativos como perdas.

Ausência de histórico: quando decide investir num fundo, por exemplo, o histórico de retorno de vários anos é um dos fatores mais importantes a considerar. Como a maioria das criptomoedas é muito recente e têm um histórico relativamente curto, é mais difícil ter informação concreta para avaliar investimentos.

Impacto ambiental: este é um dos impactos mais negligenciados das criptomoedas. A produção de bitcoins consome energia e é prejudicial ao ambiente. Segundo a Universidade de Cambridge, a mineração bitcoin em todo o mundo consome mais do dobro da energia de toda a iluminação residencial dos EUA.

Proteção inexistente: os investimentos em criptomoedas ainda não estão sujeitos aos mesmos níveis de proteção dos produtos financeiros tradicionais, como ações, obrigações e fundos mútuos. Mas isto pode estar prestes a mudar, à medida que os reguladores começam a preparar legislação própria para criptomoedas.

O que ter em conta ao investir em criptomoedas?

Se está neste momento a pensar comprar criptomoedas, siga estas quatro recomendações:

1. Escolha a plataforma certa para comprar

O primeiro passo para investir em criptomoedas é escolher a plataforma usar. Atualmente, existem mais de 500 plataformas onde pode comprar e vender criptomoedas. As mais conhecidas são a Binance, Coinbase ou Kraken, mas existem muitas outras.

Na escolha da plataforma há vários fatores a ter em conta, como a estrutura de comissões, as criptomoedas que pode negociar, a facilidade de utilização e até os métodos de pagamento (algumas aceitam cartões de crédito, por exemplo, outras só Paypal).

Antes de investir, investigue. Perceba como funciona a plataforma que tem em mente. Faça a sua pesquisa, leia comentários e fale com investidores mais experientes. E, acima de tudo, desconfie se algo lhe parecer demasiado bom para ser verdade. Já foram reportados vários casos de fraudes neste tipo de plataformas.

2. Saiba como armazenar criptomoedas

Se comprar criptomoedas, terá de as armazenar. Pode utilizar a plataforma que escolheu no passo anterior como “banco” ou pode transferir para uma carteira digital. As carteiras digitais funcionam da mesma forma que a sua conta à ordem no banco, e servem para armazenar num único local criptomoedas que podem ser transacionadas em diferentes plataformas.

Existem diferentes tipos de carteiras e cada uma tem os seus benefícios, requisitos técnicos e níveis de segurança. Tal como nas plataformas de transação, deve investigar as suas opções de armazenamento antes de investir. Algumas das mais conhecidas são a Crypto.com, Electrum ou Exodus.

3. Diversifique os investimentos

A diversificação é fundamental para qualquer boa estratégia de investimento, e o mesmo se aplica quando está a investir em criptomoeda. Não invista tudo em Bitcoin, por exemplo, só porque é a mais conhecida. Há milhares de opções, e é melhor diversificar o seu investimento por várias moedas.

4. Prepare-se para a volatilidade

O mercado da criptomoeda é altamente volátil, por isso esteja preparado para subidas e descidas muito superiores aos do mercado financeiro tradicional. Antes de investir, prepare-se psicologicamente para isso, e tenha em conta que não está protegido em caso de perda.

5. Compare com outras opções

Em Portugal existem várias opções quando se trata de fazer investimentos, especialmente quando se começa com uma quantidade limitada de capital. Ações, obrigações, depósitos a prazo, fundos, imobiliário, ETF (Exchange Traded Fund), PPR (Planos Poupança Reforma), Certificados do Tesouro, tudo depende do apetite pelo risco.

Os depósitos a prazo, por exemplo, são produtos financeiros de baixo risco que permitem obter alguma rendibilidade. Estes apresentam características diversas, desde vários montantes de subscrição às taxas de juro mais ou menos apelativas. Outra opção muito comum em Portugal é o investimento em imóveis, ou em fundos de imobiliário, que exigem menos capital de entrada.

Pode ainda investir em ações e, com pouco dinheiro, é automaticamente detentor de uma parcela de ativos e de ganhos de uma determinada empresa. Há assim várias opções que deve considerar antes de investir em criptomoedas.

Concluindo

Apesar de ainda estarem ainda na infância, as criptomoedas conquistam cada vez mais fãs. Como acontece com todas as inovações, têm vantagens e desvantagens, e deixam muitas questões em aberto. Se vai investir, faça uma pesquisa profunda, e esteja preparado, financeira e psicologicamente, para uma montanha-russa de emoções.

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