Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Lítio em queda? "Bull market" dos metais para baterias chegou ao fim, diz Goldman Sachs

A causa para esta paragem no ciclo de subidas prende-se com as grandes entradas de capital, com os analistas a apontarem para uma oferta excessiva resultante de exuberância dos investidores.

iStock
A ânsia por ganhar com a transição energética levou os investidores a acumularem demasiado rapidamente exposição a metais ligados às energias verdes. Quem o diz é o Goldman Sachs, numa nota de "research" divulgada este domingo aos clientes e a que a Bloomberg teve acesso, na qual antecipa que o preço de três metais chave para baterias - cobalto, lítio e níquel - vai cair nos próximos dois anos.

"Os investidores estão plenamente conscientes de que os metais para baterias vão ter um papel crucial na economia global do século XXI", referem os analistas do banco de investimento norte-americano. "Ainda assim, apesar do perfil exponencial de procura, consideramos que o 'bull market' dos metais para baterias acabou por agora".

A causa para esta paragem no ciclo de subidas prende-se com as grandes entradas de capital, com os analistas a apontarem para uma oferta excessiva resultante de exuberância dos investidores. "Houve um aumento no capital investido associado à perspetiva de aumento da procura por veículos elétricos a longo prazo, fazendo essencialmente com a negociação 'spot' da 'commodity' parecesse transação de futuros", consideram.

O desajustamento fundamental gerou, por seu turno, uma resposta desproporcional do lado da oferta à frente da tendência de procura. É neste cenário que o Goldman Sachs considera que a longo prazo as perspetivas para os três metais continuam robustas (até pela rápida adoção de veículos elétricos), mas nos próximos meses a tendência será de desvalorização.

As estimativas do gigante de Wall Street apontam para que o preço do lítio caia para uma média de 54 mil dólares por tonelada este ano, face ao preço "spot" de 60 mil dólares. Em 2023, a queda será ainda mais abrupta: para 16 mil dólares.

Já para o cobalto, antecipam uma desvalorização dos atuais 80 mil dólares para 59.500 por tonelada no próximo ano, enquanto no caso do níquel ainda esperam um ganho de 20% este ano para 36.500 dólares por tonelada antes da "pressão fundamental" gerar desvalorização no próximo ano.

Apesar das projeções negativas, os analistas do Goldman Sachs admitem que os preços dos metais para baterias possam começam a recuperar já em 2024, impulsionados pelo uso efetivo destas matérias-primas. "Esta fase de excesso de oferta vai em última análise deitar à terra as sementes do super-ciclo dos materiais para baterias na segunda metade desta década", explica o Goldman Sachs. Depois, "uma retoma mais sustentável da procura irá ultrapassar o atual crescimento da oferta".
Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio