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Insolvências em Portugal devem subir 2% em 2022 e 16% em 2023, diz Cosec

Maria Celeste Hagatong, presidente da Cosec, diz que os efeitos do fim dos mecanismos de apoio às empresas “são já visíveis, por exemplo, na subida de 19% dos Processos Especiais de Revitalização registados este ano”.
30 Maio 2022, 10h02

O número de insolvências entre as empresas portuguesas deverá crescer 2% este ano face a 2021, e quase 16% em 2023, estima a Cosec – Companhia de Seguro de Créditos.

Este crescimento previsto contrasta com a queda registada nos últimos dois anos e que foi de -2,3% em 2020 face a 2019 e de -12,3% em 2021 face a 2020.

“Nos últimos dois anos, a pandemia levou o Governo a implementar vários mecanismos de apoio às empresas, o que terá permitido limitar o número de insolvências. No entanto, a maioria dessas ajudas terminou no final de 2021″, explica Maria Celeste Hagatong, presidente do Conselho de Administração da Cosec, que acrescenta que “os efeitos são já visíveis, por exemplo, na subida de 19% dos Processos Especiais de Revitalização registados este ano, um sinal claro do aumento do número de empresas que enfrentem sérias dificuldades para cumprir pontualmente as suas obrigações”.

O clima de incerteza económica na Europa, onde estão os principais parceiros comerciais das companhias nacionais, a subida dos custos de produção – refletindo nomeadamente a escalada das matérias-primas – e a inflação elevada são desafios adicionais para as empresas, e que podem levar ao aumento das falências, constata a Cosec.

A análise da seguradora conclui que “a evolução das insolvências em Portugal em 2022 deverá refletir ritmos mensais diferentes, sendo que no primeiro semestre a tendência é de estabilidade e na segunda metade do ano as previsões apontam para um crescimento marginal mensal de 7%  em comparação com o mesmo mês do ano passado”.

Insolvências devem crescer 12% na zona euro, refere estudo da Allianz Trade

As insolvências entre as companhias da zona euro devem aumentar 12% este ano face a 2021, prevê a Allianz Trade, acionista da Cosec, no estudo Global Insolvency Report: Growing risks and uneven state support. Já para o próximo ano, as estimativas apontam para uma subida de 16% face a este ano.

No caso da Alemanha, a maior economia do bloco europeu, o número de empresas insolventes deve subir 4% neste ano e 10% em 2023.

Por sua vez, no caso da economia francesa, o número de insolvências deverá aumentar 15% no final de 2022 e escalar 33% no próximo ano, segundo o mesmo estudo.

A seguradora defende que as medidas aplicadas tanto por Paris como por Berlim ao longo dos últimos dois anos são responsáveis pelos níveis artificialmente baixos de insolvências em 2022 nos dois países.

À escala mundial, a estimativa do crescimento de insolvências é de 10% neste ano e de 14% em 2023, conclui o mesmo estudo.

A guerra na Ucrânia e os novos confinamentos decretados pelas autoridades chinesas para tentar travar a propagação da Covid-19 estão na origem de alguns riscos recentes para as empresas, refere o estudo.

Por um lado, as perturbações das cadeias logísticas continuam a verificar-se, afetando, nomeadamente, o transporte de bens. Por outro, a escalada dos preços das matérias-primas, incluindo das energéticas, traduz-se num aumento dos custos de produção e dos bens, explica a seguradora.

A análise diz que “a somar a isto, a maioria das economias mundiais enfrenta uma subida da inflação, o que leva os principais bancos centrais a atuar de forma a travar a subida dos preços. A aplicação de políticas monetárias mais restritivas deverá ser sinónimo de uma subida dos custos de financiamento para as empresas”.

Ainda assim, os especialistas da Allianz Trade identificam três sinais que ajudam a explicar o motivo pelo qual não estimam uma subida abrupta do número de insolvências à escala mundial.

Assim, de acordo com o estudo da Allianz, “a época de apresentação de resultados está praticamente no fim e, contas feitas, à escala mundial o total do saldo da tesouraria das empresas cotadas em bolsa era 30% mais elevado nos primeiros três meses deste ano que no mesmo período de 2019”.

Além disso, “os depósitos das empresas não financeiras eram 29% mais elevados na Zona Euro no primeiro trimestre do que de janeiro a março de 2019. E, por fim, os dados da líder mundial de seguro de créditos apontam que o número de empresas em situação mais débil diminuiu, em particular em Itália e França”, constata a análise.

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