Petrobras (PETR3 PETR4): UBS alerta para “potencial” escassez de combustíveis no Brasil

O relatório, porém, não vê um risco de desabastecimento estrutural em todo o país, mas em locais com logística mais desafiadora

Equipe InfoMoney

Bomba de gasolina

Publicidade

Em relatório a clientes, o UBS-BB alertou que há um potencial de escassez de combustíveis no Brasil. Segundo o documento, a manutenção da paridade de preços de importação, para garantir o fornecimento de combustíveis ao país com a importação de terceiros, é um fator-chave, já que entre 20% e 30% de sua demanda por diesel é complementada com compras do exterior.

“Acreditamos que, em um cenário de aperto e incerteza no comércio global (de combustíveis), isso se torna mais relevante, dada a necessidade de os players privados terem visibilidade sobre as condições de preços para importar para o Brasil”, escreveram os analistas do UBS-BB Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos.

O documento ressalta que players do setor relataram níveis de estoques de cerca de 20 dias, caso as importações fossem interrompidas. Este número é inferior ao estimado pelo Ministério de Minas e Energia, de cerca de 38 dias.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Para o UBS-BB, embora as importações para os meses de junho e julho ainda estejam sendo constituídas, são esperados potenciais desafios nas compras, no terceiro trimestre, antes das eleições, “principalmente porque a paridade de importação pode cair ainda mais em território negativo.”

Sobre a política de preços, o relatório acrescentou que a expectativa é de que seja mantida a paridade internacional. Entretanto, avalia que a estatal poderia evitar grandes ajustes para cima, buscando prazos mais longos de reajuste, “dada a oposição política contra a empresa”.

Escassez de combustíveis

Adicionalmente, o UBS-BB ressalta que a Petrobras não tem mais a mesma capacidade de atendimento do mercado como antigamente, quando chegou a deter 100% de participação de mercado tanto no fornecimento de diesel quanto de gasolina – por meio de importação e produção própria.

Continua depois da publicidade

“Desde então, o mercado cresceu, ainda que pouco, e a empresa racionalizou os investimentos em infraestrutura e vendeu parte de sua capacidade produtiva e ativos logísticos”, escreveu, em referência à refinaria RLAM e ao terminal TEMADRE, ambos na Bahia.

“Não vemos risco de desabastecimento estrutural em todo o país, mas locais com logística mais desafiadora podem enfrentar alguma falta de oferta, principalmente para volumes não contratados (bandeiras brancas, vendas spot), pois as grandes distribuidores já afirmaram que o foco está no fornecimento de seus volumes”, finalizou o documento.

Leia também:

Congelamento de preços

Enquanto isso, com os preços congelados há 82 dias, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula que haja uma diferença de 13% em relação ao litro da gasolina no mercado internacional, e os praticados internamente.

Em relação ao preço do diesel, que foi reajustado em 10 de maio, a defasagem média está em cerca de 6%, acrescenta a Abicom. A alta reflete uma nova escalada do preço do petróleo e derivados no mercado internacional.

O câmbio, que ajudou a manter os preços mais perto do alinhamento nas últimas semanas, voltou a pesar negativamente sobre o preço das importações com alta moderada no início de junho.

Ainda conforme a Abicom, se a Petrobras quiser alinhar os preços terá que aumentar a gasolina em R$ 0,56 e o diesel em R$ 0,33.

Um reajuste é esperado a qualquer momento, já que com a defasagem, as importações não são realizadas pelos pequenos e médios produtores e aumenta o risco de desabastecimento do País.

Fontes do setor avaliam que por enquanto não há indícios de falta de diesel, como já ocorre na Argentina, por exemplo.

A expectativa é de que o atual presidente demissionário da estatal, José Mauro Coelho, alinhe os preços para evitar desabastecimento de diesel no Brasil, já que não teria mais nada a perder.

Projetos

Buscando alternativas, os Estados apresentaram nesta terça-feira (31) uma proposta ao Senado para aumentar a taxação das empresas de petróleo e criar uma conta de compensação de eventuais perdas com a fixação de um teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, gás e telecomunicações.

A proposta poderia envolver até R$ 66 bilhões. A ideia é garantir R$ 34 bilhões este ano para uma espécie de fundo, que funcionaria fora do Orçamento e seria formado com até 40% das receitas do governo federal com dividendos pagos pela Petrobras, royalties e participações especiais.

Em troca, para compensar essa perda de arrecadação para a União, a proposta é de aumento da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), de 9% para uma alíquota extraordinária de 20%. Esse valor poderia subir para 30% no caso de a variação do preço do petróleo Brent ser superior ao US$ 80 no semestre.

A proposta foi apresentada por um grupo de secretários estaduais de Fazenda em reunião com os senadores Fernando Bezerra (MDB-PE), relator da proposta de teto do ICMS sobre combustíveis; Jean Paul Prates (PT-RN); e Davi Alcolumbre (União-AP).

Leia também:

Os Estados argumentaram que as empresas do setor, que estão aumentando o lucro com a alta do petróleo, como a Petrobras, teriam de dar a “sua contribuição” para a redução do preço dos combustíveis no varejo.

Só a Petrobras teve um lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano. Os secretários afirmaram ainda que esse movimento está acontecendo em outros países. Foi citado o caso do Reino Unido.

Na semana passada, o governo britânico anunciou que aplicará um imposto temporário de 25% sobre lucros de empresas de petróleo e gás, como parte de um pacote econômico para abrandar a pressão do custo de vida.

Votação em um mês

Sobre o projeto de teto na cobrança do ICMS, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se juntou à articulação do governo Jair Bolsonaro e do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), para aprová-lo no prazo de um mês.

Pacheco deu aval ao avanço da proposta no Senado e enviou um recado aos secretários estaduais de Fazenda, em reunião ontem, dizendo que os senadores votarão a proposta mesmo que os Estados recuem de um movimento recente e diminuam a alíquota do ICMS sobre o diesel.

(Com Estadão Conteúdo)

Oportunidade de compra? Estrategista da XP revela 6 ações baratas para comprar hoje. Assista aqui.