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Allianz GI: “Contexto de ‘slowflation’ continuará a desafiar o mercado de capitais”

Stefan Rondorf fala de uma “combinação difícil” entre o abrandamento do crescimento e o aumento da inflação. “Esta combinação mantém-se por enquanto, mantendo também sob controlo os mercados de capitais”, diz .
3 Junho 2022, 15h07

A Allianz Global Investors (AllianzGI) publicou o seu Relatório Mensal sobre Mercado de Capitais (Junho de 2022) elaborado por Stefan Rondorf, Senior Investment Strategist, Global Economics & Strategy. Com o título ‘Slowflation’, o gestor sublinha que “agora, vai ser necessária uma verdadeira determinação e ainda mais algumas subidas das taxas de juros para pôr fim à inflação”, e fala de uma “combinação difícil” entre abrandamento do crescimento e aumento da inflação. “Esta combinação mantém-se por enquanto, mantendo também sob controlo os mercados de capitais”, diz Rondorf.

Slowflation” refere-se a um abrandamento da dinâmica de crescimento associado a uma inflação persistente, mas não significa estagflação.

O Senior Investment Strategist da Allianz GI diz que a luta contra a inflação por parte dos bancos centrais deverá, por sua vez, abrandar a economia mais cedo ou mais tarde, mesmo que tal não aconteça por enquanto.

“Em primeiro lugar, trata-se de uma slowflation em vez de estagflação, ou seja, um crescimento mais lento com uma inflação elevada. Os primeiros vestígios do abrandamento são causados pelas próprias taxas de inflação elevadas, por exemplo na confiança dos consumidores”, refere Rondorf que acrescenta que “a subida das taxas de juro nas hipotecas pode abrandar gradualmente a construção, bem como a inflação nos preços imobiliários”.

As más notícias para a economia vêm de muitos lados. Além dos bancos centrais, dois choques externos estão a abrandar o crescimento e a promover a inflação. Um é o conflito na Ucrânia e outra é o surto de difícil controlo da variante Ómicron da Covid-19 na China. Em particular, os efeitos da política “Zero Covid” na China estão a abrandar a economia global, defende o gestor.

Stefan Rondorf, diz que no geral, o contexto de “slowflation” deve continuar a desafiar o mercado de capitais com as crescentes preocupações relativas ao crescimento e às taxas de inflação historicamente elevadas.

“Gradualmente, as ações marcadamente abaixo do preço em empresas selecionadas de elevada qualidade e resiliência podem oferecer as primeiras oportunidades de investimento a longo prazo para os investidores”, defende o especialista.

O Senior Investment Strategist da Allianz GI junta-se às vozes dos vários gestores de ativos que têm vindo a alertar que neste contexto o investimento em obrigações tem mais risco do que o investimento em ações. “Apesar do aumento dos rendimentos, é provável que se mantenha muito difícil gerar um rendimento real positivo sobre obrigações governamentais durante um período de 2 a 3 anos. Os riscos para as alterações das taxas de juro e duração permanecem elevados”, refere.

Já sobre as ações defende a aposta no longo prazo e diz que o contexto de “slowflation” representa, principalmente, um obstáculo para as valorizações nos mercados de ações. “Entretanto, os rácios entre preços e rendimentos baseados nos rendimentos estimados para vários mercados nos próximos 12 meses são inferiores às suas médias a 10 anos”, destaca.

“Se pretender mais rendimentos, tem de estar disposto a aceitar riscos mais elevados sob a forma de flutuações de preços mais elevadas. Isto coloca os mercados de ações no centro das atenções”, defende Rondorf.

Nas moedas defende que “tendo em conta as paridades do poder de compra, o dólar americano permanece sobrevalorizado”.  Mas, “o facto de o mercado de capitais dos EUA ser considerado um
“porto seguro” em tempos turbulentos também deverá favorecer o dólar americano”.

Num contexto de inflação elevada, as matérias-primas estão a revelar-se uma classe de ativos de grande procura, refere ainda Rondorf.

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