Allianz GI diz que “BCE parece estar a perder o rumo”

Na sequência da reunião extraordinária do BCE desta quarta-feira, 15 de junho de 2022, Franck Dixmier, Diretor Global de Investimentos em Obrigações da Allianz Global Investors (AllianzGI), considerou que “a inflação na zona euro continua mais alta e coloca o BCE sob pressão”.

“Limitado na sua capacidade de aumentar os juros sem ser prejudicado pelo impacto negativo de um endurecimento das condições monetárias nos países com as finanças públicas mais frágeis (em primeiro lugar, a Itália), o BCE parece estar a perder o rumo”, considera Franck Dixmier.

O gestor da Allianz GI considera ainda que “a convocação de uma reunião de emergência umas horas antes da reunião do FOMC da Fed, adiantando-se à atenção dos mercados, não resultou de facto em nada de novo face ao que foi comunicado a semana passada na sua última reunião: os reinvestimentos do PEPP devem ser usados para suportar os spreads, e o BCE confirmou que está a trabalhar numa ferramenta ad-hoc anti-fragmentação. Muito ruído para nada, e uma credibilidade que não sai reforçada”.

O Conselho de Governadores da entidade presidida por Christine Lagarde decidiu tomar duas medidas para tentar travar a fragmentação nos mercados de dívida da zona euro. A mais imediata é a “flexibilidade” na compra de dívida, a outra ainda incipiente que é um novo instrumento anti-fragmentação para impedir um afastamento muito grande entre as taxas de juro dos países da Europa do Centro e do Norte e os países do Sul.

O Banco Central Europeu decidiu esta quarta-feira acelerar a criação de um mecanismo contra futuras crises da dívida soberana. A decisão foi tomada após uma reunião de urgência devido à subida das taxas de juro das dividas soberanas dias depois de anunciado o fim da política de compra de ativos.

A Reserva Federal norte-americana anunciou também esta quarta-feira a subida das taxas de juro diretoras em 75 pontos base (p.b.), indo ao encontro das expectativas do mercado, que nos últimos dias apostaram fortemente numa subida desta magnitude. A taxa de juro de referência nos EUA fica assim entre 1,5% e 1,75%.