Cogna (COGN3) tem prejuízo ajustado de R$ 36 mi no 2º tri, mas Ebitda cresce; CEO vê inflexão para Kroton no próximo resultado

Em entrevista ao InfoMoney, Roberto Valério, CEO da Cogna, destacou ainda crescimento de receita da Vasta, além de medidas para diminuir serviço da dívida

Lara Rizério

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O grupo de educação Cogna (COGN3), dona da Vasta e da Kroton, registrou um prejuízo líquido ajustado de R$ 36,595 milhões no segundo trimestre de 2022 (2T22), revertendo o lucro ajustado de R$ 55,29 milhões registrado no mesmo período de 2021. A companhia divulgou seus números nesta quinta-feira (11). Em termos não ajustados, o prejuízo líquido foi de R$ 100 milhões, alta de 148,5% na base anual.

No trimestre, a receita líquida foi a R$ 1,155 bilhão, uma leve variação positiva na comparação anual, de 0,2%, puxada principalmente pelo crescimento de Vasta, de educação básica.

Enquanto isso, a companhia registrou uma melhora operacional, com o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) recorrente foi a R$ 355 milhões, alta anual de 11,4%, o que levou a uma margem Ebitda (relação entre Ebitda e receita) recorrente de 30,7%, avanço de 3,1 pontos percentuais na comparação anual.

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O consenso Refinitiv projetava um prejuízo de R$ 42,10 milhões, Ebitda de R$ 294,12 milhões e receita de R$ 1,155 bilhão no trimestre.

“As reestruturações que fizemos tanto na Kroton [de ensino superior] quanto na Vasta no ano passado, além da busca pela eficiência que a gente tem feito, num contexto de inflação, alta competitividade e cenário econômico desafiador estão entre os destaques”, apontou Roberto Valério, CEO da Cogna, em entrevista ao InfoMoney.

O grupo de educação destacou que o Ebitda recorrente teve o quinto trimestre consecutivo de crescimento. “Esse resultado, claro, tem uma característica mais contábil, mas vem com uma geração de caixa bastante forte, de 47% no primeiro semestre de 2022 na comparação anual”, destacou o executivo.

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A geração de caixa operacional após capex totalizou R$ 290 milhões no trimestre, com a companhia ressaltando as ações de redução de custos e despesas corporativas e melhora da adimplência líquida da carteira de clientes.

Valério destaca dois pontos para a recuperação, como o crescimento de 34,5% da receita líquida da Vasta, e a diminuição da velocidade de queda de receita da Kroton (baixa de 3,4% na base anual).

Assim, avalia, o ponto de inflexão no segmento de ensino superior pode estar mais próximo de acontecer. “Tínhamos falado para o mercado que a receita da Kroton ia passar a crescer em 2023, mas como a captação está indo bem, nossa base de alunos cresceu 12%, já dizemos que pode ser no terceiro trimestre de 2022. No próximo trimestre já deveríamos ver crescimento de receita em Kroton”, afirma.

Esse movimento de inflexão se aproxima dois anos após a Cogna ter começado a fazer uma impactante mudança no segmento de ensino superior em meio a resultados ruins e forte impacto da pandemia no ensino presencial, o que levou a companhia a apostar nos cursos híbridos e no segmento premium como alavancas de recuperação.

“Tivemos a reestruturação de Kroton de 2020 para 2021, com fechamento de 25% dos campi, além da redução dos custos de marketing e renegociação de dívida com alunos. Isso impactou evasão, fizemos a limpeza da base dos que tinham crédito financeiro ruim e sentimos impacto agora nos resultados, com adimplência alta. A Vasta também enxugou custos. Vasta tendo receita em alta com custo menor, terá mais resultado. Numa visão geral, Kroton e Vasta estão com números saudáveis”, avalia o executivo.

Dívida 

Um dos pontos que é sempre observado de perto pelos investidores e analistas de mercado com relação à Cogna é a sua dívida, com o custo dela pressionando ainda mais o balanço com a forte alta da Selic no último ano.

A companhia de educação destacou que, olhando para o semestre, com o aumento da taxa de juros, o foco se voltou para um liability management (gestão de passivos) que mitigue as despesas financeiras.

No primeiro semestre, houve R$ 347 milhões em dívidas renegociadas abaixo do par e em agosto, houve uma emissão de R$ 500 milhões via CRI com prazo médio significativamente superior ao prazo médio das atuais dívidas da empresa (88 versus 22 meses).

“Despesa financeira é algo que olhamos com muita dedicação, nossa dívida líquida é de R$ 3 bilhões, claro que o serviço da dívida pesa nos nossos resultados. Estamos buscando trocar linhas de créditos mais caras por mais baratas, estamos tendo bastante sucesso (…) É importante dizer que a nossa geração de caixa é mais do que suficiente para pagar serviço da dívida e ainda gerar caixa livre. Claro que preferia Selic a 4%, 5%, mas a empresa é saudável o suficiente para passar por esse momento até que a taxa de juros volte a patamares mais baixos”, afirma Valério.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.