O diretor executivo do Santander, Vítor Calado, disse hoje que o banco antecipa uma queda de "20% a 25%" da procura pela habitação nos próximos meses, e um "ajustamento da procura interna e dos preços".
Na conferência "Madeira, na Rota do Investimento Imobiliário", uma organização da APEMIP e do JM Madeira, Vítor Calado analisou o setor enumerando os excessos da procura e a escassez da oferta.
Nos excessos da procura, identificou como contributos a evolução do rendimento disponível, o surgimento de novos mercados compradores e o acesso ao crédito habitação (+16,4%) com juros negativos ou a zero nos últimos anos.
No lado da escassez de oferta, identificou a escassez da construção nova e os custos de construção atuais, "que é o que mais impacta na escassez da oferta."
Quanto aos atuais desafios do financiamento, Vítor Calado destacou a maior regulação e supervisão do setor bancário, o custo de capital das instituições, o aumento do nível de exigência dos clientes, mais e novos players no mercado e a definição de novas taxas de juro.
Sobre a subida das taxas de juro bancário, uma dos temas muito focados nesta conferência, o gestor disse que "é mentira que estejamos com níveis incomportáveis". "Estamos com valores normais, mesmo que os mesmos cheguem aos 4%", mencionou.
Perspetivando o futuro do setor, apresentou como boa notícia a circunstância de hoje "o valor dos imóveis ser superior ao valor do crédito em dívida", o que é um dado "muito positivo, porque é o contrário do que se passou na crise do suprime".
Por outro lado, Calado antecipou "alguma recessão" para o próximo ano e considerou que hoje continua a haver "muito poucas soluções no parque habitacional", além da "muita burocracia". A propósito, defendeu que "devia haver um designio nacional para criar vias verdes para alguns projetos".
Alberto Pita