Apple é processada por vítimas de perseguição com AirTag

Nos Estados Unidos, vítimas alegam que ex-parceiros usavam dispositivo de geolocalização da Apple para rastreá-las

Wesley Santana

AirTag é um dispositivo da Apple que usa outros aparelhos da marca transmitir geolocalização. Foto: Divulgação

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A Apple está sendo processada por duas mulheres americanas que alegam que a AirTag, dispositivo de geolocalização da gigante de tecnologia, teria sido usada por ex-parceiros para persegui-las. 

O produto da Apple foi criado, originalmente, para rastrear objetos pessoais, mas tem sido usado por criminosos para perseguir pessoas.

Na ação, aberta de forma coletiva na última segunda-feira (5), uma das denunciantes afirma que o ex-marido fixou a AirTag em seu carro sem que ela tenha visto. A segunda vítima afirma que o objeto foi colocado em um bolso da mochila do filho, também sem a sua autorização.

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A AirTag é um item pequeno -semelhante a um botão- que usa conexão bluetooth com outros dispositivos da Apple para enviar sinais de GPS para o usuário cadastrado. Seu objetivo principal é localizar itens pessoais perdidos, como chaves, carteiras e malas, mas tem tido seu uso desvirtuado por alguns usuários. 

Desde que lançou o produto, em 2021, a empresa tem trabalhado em atualizações para garantir a privacidade dos usuários e combater crimes como o de stalker. Apesar disso, sucessivos casos de perseguição foram reportados envolvendo o equipamento que pode ser colocado em lugares não visíveis. Nestes dois casos, os aparelhos usavam os próprios celulares das vítimas para enviar a localização aos ex-maridos.

No processo, os advogados das vítimas dizem que a Apple tentou vender o dispositivo como um item inofensivo, mas que, na verdade, engana o público. Eles acresceram, ainda, que os benefícios do aparelho não superam os riscos e que seu funcionamento é um fator substancial para causar danos.

Outros casos

Essa não é a primeira vez que surgem relatos de mulheres que foram perseguidas usando AirTags. Em maio deste ano, por exemplo, uma britânica recorreu às redes sociais para expor que havia encontrado uma dessas em sua bolsa, depois de voltar do supermercado. 

Em uma série de vídeos, que viralizaram no TikTok, ela explica que, inicialmente, não sabia do que se tratava, mas depois entendeu que alguém estava usando para segui-la. Ela ainda alerta: “Meninas, se você está ouvindo e isso já aconteceu com você antes, apenas tenha cuidado”.

Negócio de US$ 10 bilhões

Quando foi lançado, em abril de 2021, o produto foi visto por analistas de mercado como uma oportunidade de US$ 10 bilhões para a Apple, valor semelhante à divisão de fones de ouvido, os AirPods. Desde o seu lançamento a Apple fez uma série de melhorias no produto. Procurada pela reportagem de InfoMoney, a Apple disse que não vai comentar o assunto.